quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Rumo ao 3º ano!

Talvez essa seja minha última publicação do ano. Chego agora na metade do curso de Letras... Esse semestre foi a minha “prova dos nove!”... Sorte que tudo deu certo e, assim, rumo ao 3º ano! Foi um semestre de boas experiências, alguns desesperos, inseguranças, alegrias... Na verdade acho que os seres humanos estão sempre de prontidão, à espera de algo, de uma novidade. Buscando preencher o vazio que é necessário. Talvez o “vazio” nos ensine a sermos mais “humanos”, nos permita sentir novas emoções, nos torne mais sensíveis. Hoje senti vontade de escrever... Mas não sei dizer sobre o quê. Minha vida é repleta de sonhos, aspirações, e vazios que eu vou tentando preencher... Repleta também de perguntas sem respostas que me fazem pensar que vale mais “viver um dia de cada vez”, e esperar a hora certa de obter respostas aos tantos porquês. Particularmente, prefiro acreditar em recomeços...

Bem, um novo ano começa, ou recomeça... Quantas coisas acontecerão no próximo ano? Vivamos pra saber! Surge uma inquietude... Talvez seja necessário fazer planos? Será que não conseguimos “viver um dia de cada vez”? Será que as pessoas estão se contradizendo a todo instante? Acho que as pessoas não possuem a necessidade de saber quanto tempo vão durar, mas do que se esperar do tempo que virá. Mas então, podemos esperar? O mundo de nada sabe das questões individuais... Mas nós, humanos, nós sabemos!

PS: Acabo de notar que esse título serve pra mim e pra Júlia! Mais uma vez, primas em sintonia!rs

sábado, 12 de novembro de 2011

Tem alguma coisa que você queria para o mundo?

Oh, galerinha... Parabéns a todos que acreditam em um clichê ou uma frase que essa mídia manipuladora apresenta! Vocês são realmente "sensatos", normais, mais um.

Os muitos manifestantes da USP que estão querendo o fora Rodas e o fora a PM não querem isso pra "fumar maconha".  Ou vocês acham mesmo que quase toda a FFLCH e, agora, a ECA iam se juntar por essa causa? Será mesmo? Como bons brasileiros temos memória curta, neh? Pois esse movimento do fora a PM já tinha acontecido desde 2009 e no começo do ano teve novamente. Ocorreu um caso que nenhuma mídia divulgou, que no começo desse ano um menino de 10 ou 13 anos (não lembro direito) da favela  perto do campus da USP estava tentando pular a grade da piscina do centro esportivo, quando o carro da PM passou e atirou nele, o menino morreu. Sem direitos. Como alguém que nunca existiu. Junto com esse fato houve repressão nos atos da Tarifa e outros que os estudantes organizaram. Então, voltou o "fora a PM". Além de que o reitor, Rodas, ficou na eleição em 2° lugar e o governador mesmo assim, colocou-o no cargo. E a sua gestão já mostrou que ele não tem o menor senso de diálogo com os que ele deveria se preocupar, os estudantes; ou a tal democrácia (como o Alckmin diz). To achando que o único diálogo que ele tem é com os tucaninhos na floresta da direita.

E poxa, os estudantes não são cegos também de não saberem que há a necessidade de melhorar a segurança no Campus. Ai se tomou por exemplo o caso do garoto de economia que foi morto no estacionamento... Ah, a PM já ocupava o campus aquela época, ok? Aqui mesmo fala: "MAS E A DIMINUIÇÃO DE 60% NA CRIMINALIDADE APÓS O CONVÊNIO USP-PM? São dados corretos. Porém a estatística mostra que esta variação não está fora da variação anual na taxa de ocorrências dentro do campus ( http://bit.ly/sXlp0U ). A PM, portanto, não causou diminuição real da criminalidade na USP antes ou depois do convênio. Lembre-se: ela já estava presente no início do ano, quando a criminalidade disparou." ( http://www.facebook.com/note.php?saved&&note_id=315711538455058#!/notes/jannerson-xavier/esclarecendo-o-caso-usp-pra-quem-v%C3%AA-de-fora/2459499642739 )

Os estudantes querem a PM fora porque uma universidade precisa de liberdade para promover seus pensamentos, suas inquietações e manifestações, afinal se isso não partir dos jovens vai vir de quem? Pois universidade é, sim, para estudar, mas é a fase que você tem para abrir a cabeça, descobrir e testar o mundo e fazer algo melhor para ele. Universidade não tem que ser só um lugar para estudar.

E se acha que manifestação é "coisa de vagabundo" devia achar isso quando os políticos roubam e colocam leis que só melhoram a bunda deles e ninguém fala nada. Por quê? Ah, porque não dá tempo de você reivindicar isso ou aquilo, o que acha de errado? Mas pra falar mal de quem tá fazendo a sua reivindicação, você consegue, não é? Uma sociedade sem espaço para revidar em paz, é uma sociedade morta. Ainda não chegamos nesse ponto, porque mesmo quando os jovens da USP e de todas as outras universidades públicas e privadas são reprimidos, ainda assim, continuam lutando e fazendo valer a vida que têm. A Vida num sentido maior, de fazer diferença.

Mas voltando, se a Rede Globo, Veja, Estadão, SBT, entre outras destas mídia manipuladoras que se mostram a favor do PMDB, Geraldo Alckmin e Rodas, essas ai que você não precisa correr atrás, é só abrir o olho e engolir, se essas fontes de informação que usa com a maior parcialidade sobre o assunto, então vamos lá... Os estudantes querem o fora do Campus, mas também criticando o que o que eles fazem fora, quando sobem morros e matam ou batem injustamente (vá saber o que é justo também...), a própria corrupção que há nela, as abordagens que fazem nas ruas com qualquer um que se mostre “estranho” e até quando batem ou atiram de graça etc. Porém numa universidade eles não querem uma polícia que porta arma de fogo ou uma polícia fruto da repressão que porta estrelas no peito que significam atos realmente “dignos de Honra” (olhem - http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/gilberto-maringoni-brasao-da-pm-paulista-e-um-tapa-na-cara-do-povo-brasileiro.html ) e que não seguem a lei também na hora da ação. Pois é ilegal tirarem as identificações como fizeram nas manifestações (isso fazem quando vão matar ou bater sem temer serem punidos), jogarem gás lacrimogêneo em lugar fechado (tal como jogar no corredor do CRUSP!) ou jogarem esprei de pimenta na olho do mais próximo ou bala de borracha mirando na cabeça ou no peito. Eles querem segurança, sim, aumentando a iluminação, colocando câmeras e aumentando a guarda universitária com concurso e treinamento em direitos humanos e com a inserção de mulheres nela (o que é ainda proibido).

Estão lutando pelo que querem, eles se sentiram incomodados com isso e se manifestaram. Não estão pensando que estão "acima da lei" ou "acima do resto dos estudantes", só estão protestando. E protestando com símbolos maiores que existem em todo o mundo, "a corrupção e a segurança", isso sim.
Olha meus queridos, vocês que falam que "só tem maconheiro na USP", acho melhor sair de casa ou ir estudar então, seja em universidade pública ou privada vocês podem encontram pessoas que fumam maconha e outros - isso tem em todo lugar, até em colégio público e privado, nas festas, nas baladas, nos becos e nas melhores festas. E mesmo quem fuma também não perde o direito de se manifestar, porque tem um bando de hipócritas que já experimentaram e ficam falando ou os que têm a "conduta correta e perfeita" e que continuam no seu conforto de falar e não fazer nada. Além de que QUEM TÁ LÁ foi porque conseguiu passar no vestibular, com regras e condições iguais, rico ou pobre. Então, parem de falar que são um bando de "filinhos de papai que fumam maconha". Tem isso, sim, lá, como tem os que ralam pra se manter e ambos têm os mesmos direitos de se manifestar (afinal, ainda quando jovem você é dependente da sua família e você não escolheu nascer nessa ou na outra).
O que aconteceu na reitoria foi que alguns estudantes fizeram aquilo, para mim, uma parte de radicais e também os que não estão nem ai pra nada (como sempre tem), não importa. "A questão é: os alunos estavam lá e queriam chamar atenção para a causa (ou as causas, ou nenhuma causa)... e, por enquanto, era só. Não havia nada quebrado, depredado ou destruído dentro da tão requisitada reitoria (a única marca deles eram as pichações)"  ( http://www.facebook.com/notes/shayene-metri/desabafo-de-quem-tava-l%C3%A1-reintegra%C3%A7%C3%A3o-de-posse/233831886679892 ), grande parte do que foi mostrado como quebrado destruído, foi por parte dos polícias e da mídia na hora da reintegração de posse. Particularmente, não concordo com os que ficaram lá, mas o movimento como um todo não é baseado nisso, é muito maior - ressurgiu agora com a euforia do momento. E antes a adesão não foi da maioria (a assembléia anterior mostrou isso), agora a maioria está junta, pela causa principal, com a FFLCH e a ECA unidas na greve e em atos e assembléias lotadas.

Se vocês vão falar de patrimônio público, falem isso quando é descoberto um caso de corrupção( são milhões desviados). Do mesmo jeito que você paga imposto, eles também pagam. Só que você tá quieto e eles não. Não tem como uma manifestação ocorrer sem mexer com ninguém, se não, não tem como provocar. Para a Alemanha nazista os que estavam contra ela também deviam ser retratados como “terroristas” ou os judeus como bichos. Para os EUA a Rússia era um monstro (Mas e a bomba de Hiroshima? E os muitos que passam fome na África pra sustentarem as grandes empresas e os mais podres de rico?). Para a Rússia os EUA também era demônio (mas e os que Stálin matou?). Para os ingleses os indianos na Marcha do Sal deviam estar sendo vagabundos que não queriam trabalhar, neh? Para os militares que matavam nos porões, a oposição comia criancinhas e eram os piores ditadores (e a democracia que tanto defendem hoje... Veio dos militares?). Para eles, vários dos artistas que vocês ouvem nos seus foninhos de ouvido, eram “bandidos da ordem”, não é?

Então, tomem muito cuidado quando forem ver as coisas e formar opiniões sobre elas, vai saber bem por que ângulo você está olhando ou recebendo o olhar. Antes disso, não julgue, não seja hipócrita, nem determinista. Hoje, você pode estar pensando assim por estar de fora, de longe, vai saber se um dia não sente na pele? Todos erramos, todos fazemos alguma besteira. A diferença é o que fazemos como algo maior.

Falar que “pagam de revolucionário" ou "que pagam de comunista” é ignorância, numa sociedade que só tem como sobreviver sendo capitalista. Significa que você não pode ter uma ideia diferente? Querer que o mundo seja diferente? Porque se acha que só o pobre pode revidar, então o pobre é o socialista real? E outra, Cuba ou China nunca chegaram nem perto do que o comunismo tem por ideal. No caso da USP, se você não tá lá, não fala que todos são assim ou assado, eles tão lutando por algo justo. Liberdade e democracia real começa por não ter a necessite um polícia para reprimir, nem mídia para manipula, nem políticos que fazem leis só para o próprio benefício. Nem população que ainda é mantida como bestializada, massa de manobra.  Alias, tem alguma coisa que te incomoda nesse mundo? E o que você tá fazendo para mudar? Tem alguma coisa que você queria para o mundo? E você tá colocando nele?
E se estão lutando por uma causa que é muito maior, que chega a toda a sociedade, não venham dizer que tinham que fazer algo realmente e não ”achar que estão fazendo revolução lá dentro” porque que precisamos mudar o mundo pelo que está ao nosso redor, não? Pelo nosso mundo, no micro, no pouco e assim vamos começar a fazer a diferença. Se cada um mudar o que acha errado dentro do seu espaço e dentro de si mesmo, teríamos uma sociedade melhor.

Não sou da USP, nem quero pagar de qualquer coisa escrevendo isso. Só acho que como pessoa, tenho o direito de colocar minha opinião nesses debates que andam surgindo. E claro que não precisam aceitar, alias, eu também tenho a aprender.

Obrigada.

Segue um arquivo aqui que eu fiz com vários textos, fontes, notícias, imagens sobre o assunto, olhem, tem muita coisa interessante. Tente analisar sem preconceito, de cabeça aberta. Não somos donos da verdade, nem mesmo eu. (Caso não abra o link, posso mandar no email).

sábado, 29 de outubro de 2011

Vaivém

“Nunca se distingue bem o vivido do não vivido”

Sophia de Mello Breyner Andresen

CIDADE

Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,

Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,

Saber que existe o mar e as praias nuas,

Montanhas sem nome e planícies mais vastas

Que o mais vasto desejo,

E eu estou em ti fechada e apenas vejo

Os muros e as paredes, e não vejo

Nem o crescer do mar, nem o mudar das luas.

Saber que tomas em ti a minha vida

E que arrastas pela sombra das paredes

A minha alma que fora prometida

Às ondas brancas e às florestas verdes.

Este é um poema de mais uma poetisa portuguesa, Sophia de Mello Breyner Andresen. Escolhi fazer a análise do poema Cidade por ser um dos meus poemas preferidos da autora. Antes de ater-me à análise em si, é válido esclarecer que a poesia para Sophia tem três sentidos: a Poesia, com P maiúsculo, é uma necessidade, é algo essencial para viver. A autora ainda escreve em seu ensaio Poesia e realidade: que “a Poesia existe em si – independente do homem.” (...) “a Poesia é a própria existência das coisas em si, como realidade inteira, independente daquele que a conhece”. A poesia, com p minúsculo, seria então “a relação do homem com a Poesia”. Por fim, o terceiro sentido da palavra poesia é poema, a linguagem da poesia. “O poeta vê a Poesia, vive a poesia e faz o poema.”

Como pude observar, no poema Cidade encontram-se muitos elementos referentes à natureza. Como mar, praia, montanhas, florestas, entre outros. A partir dessa observação, já se percebe um marco da poesia de Sophia. No prefácio de uma de suas obras já se encontra uma citação da autora: “Nasci (...) entre a cidade e o mar”. Em especifico neste poema, o titulo já diz qual o objeto (o tema) tratado no mesmo: a cidade. Através da observação de Sophia ela descreve o essencial modo de ser das coisas. Segundo Eduardo Prado Coelho, há uma “exaltação afirmativa do real”. Como já atentei mais acima quanto aos elementos da natureza, devo dar atenção em especial para o “mar”, local bastante privilegiado na poesia de Sophia. A poetisaa vê o mar como um modelo de perfeição.

Em contrapartida percebe-se que a cidade é representada no poema como um grande inimigo. Idéia explicitada nos dois primeiros versos: “Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas, / Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta”. Coelho diz em Sophia, a lírica e a lógica que a autora tem dois grandes inimigos: a cidade e o tempo. A cidade é representada como um polvo na obra de Andresen. E posso até arriscar o motivo. Imaginando um polvo, a primeira coisa que me vem à cabeça é aquele molusco com oito tentáculos que fazem movimentos incessantemente. Seria então algo que não tem paz, quietude, seria uma coisa em movimento constante, trazendo assim, bagunça, rumor, caos.

Nos versos seguintes: “Saber que existe o mar e as praias nuas,” / “Montanhas sem nome e planícies mais vastas”. Percebe-se um tom de inconformismo, que é confirmado nos versos seguintes: “E eu estou em ti fechada e apenas vejo” / “Os muros e as paredes, e não vejo” / “Nem o crescer do mar, nem o mudar das luas”. Sophia então não se conforma em viver presa à cidade, ao caos, e ser privada de ver o mar, enxergar um horizonte maior e a mudança de fases da lua.

Na última estrofe: “Saber que tomas em ti a minha vida” / “E que arrastas pela sombra das paredes” / “A minha alma que fora prometida” / “Às ondas brancas e às florestas verdes.”, todo o descontentamento com a cidade vem à tona novamente. Nestes versos Sophia diz que a cidade é capaz de “prendê-la”, tornar sua vida obscura. Podemos vê-la até como o exílio. Neste caso, pode-se compreender o exílio no contexto deste poema como uma condição humana imposta aos homens. E até comprometer sua alma, prometida às ondas e às florestas, ou seja, as coisas boas, belas. Aqui se encontra presente mais uma vez o elemento mar (ondas). E percebe-se que todas as vezes em que Sophia se refere a esse elemento há uma positividade, um enorme apreço por este elemento.

Partindo para uma análise estrutural, Rosa Maria Martelo fala sobre a necessidade de Sophia em transitar da palavra para a sílaba em Sophia e o fio de sílabas. Para ela

“Sophia sempre entendeu que a sua poesia não se faria nem com idéias nem com palavras, mas com sílabas, e que o seu conceito de justeza da linguagem poética radica precisamente nessa perspectiva.”

Quanto ao ritmo do poema, percebe-se a predominância do ritmo binário ascendente: um acento fraco (breve) seguido de um acento forte (longo). Nos versos de Cidade as rimas são marcadas de tal forma: a/b/a/b/c/c/c/a/d/e/d/e. Pude notar ainda que as consoantes [s] e [m] são bastante marcadas no poema. Rosa Maria nos chama atenção quanto a isso, na questão da oralidade na poesia de Sophia. Pois, quando criança, Andresen

“pensava que os poemas não eram escritos por ninguém, que existiam em si mesmos, por si mesmos, que eram como que um elemento do natural, que estavam suspensos, imanentes. E que bastaria estar muito quieta, calada e atenta para os ouvir”.

Neste sentido, o leitor é convidado a ouvir e sentir o fluir das palavras enquanto desfruta do poema.

Já que se trata da análise de apenas um poema, muitos aspectos da poesia de Sophia ficaram de fora do texto. No entanto, o esplendor de sua obra ainda pode ser bastante explorado. Que esta humilde análise tenha trazido pelo menos um pouco de Sophia para dentro de cada leitor, e que desperte o interesse de novos espectadores por essa poetisa sui generis. Termino minha análise com alguns versos de um grande amigo de Sophia, o poeta Eugénio de Andrade, os quais dizem: “Sempre que penso nela vejo o mar, muito nítido e azul ao fundo” .

sábado, 10 de setembro de 2011

Estilos de época – o Barroco e o Arcadismo


Realizar-se-á um breve estudo acerca de dois “estilos de época” – o Barroco e o Arcadismo –, apontando as principais diferenças existentes entre um e outro. Visando tal objetivo, traçar-se-á uma síntese dos contextos históricos durante os quais prevaleceu cada uma das escolas literárias. Serão citados os mais representativos autores de cada estilo, objetivando confirmar as idéias aqui expostas.

O século XVI trouxe inúmeras mudanças ao continente europeu. As Grandes Navegações propiciaram a ampliação dos limites geográficos do mundo então conhecido pela Europa. Acreditando em sua capacidade de dominação e transformação da natureza por meio do uso da razão, o homem buscou a descoberta de novos conhecimentos científicos, resgatando a cultura clássica. Por outro lado, em 1517 ocorre a chamada Reforma. Lutero, opondo-se a Igreja Católica, funda uma nova corrente cristã, o protestantismo. Empenhada em recuperar o rebanho de fiéis perdido em muitas partes do continente para os protestantes, a Igreja deu início àquilo que se convencionou a chamar de Contra-Reforma. A criação nesse contexto da Companhia de Jesus insere-se nesse esforço de luta contra o protestantismo, visto que tal ordem religiosa enviou grandes contingentes de missionários a vários continentes. O século XVII presenciou alterações no quadro econômico, social, político e religioso. É o período em que a burguesia, dotada de grande poder econômico, se vê excluída da ascensão nas esferas social e política. Fazem-se sentir nesse momento, os reflexos das crises religiosas do século anterior: a Reforma (1517) e a Contra-Reforma (1563). É, portanto, uma época de ruptura e mudança de valores religiosos, durante a qual há a convivência entre formas de pensamento antigas e modernas. Essa dualidade refletir-se-á de forma bastante sensível na literatura produzida nesse período, o chamado Barroco. O século XVIII assiste a um fortalecimento sem precedentes do poderio econômico da burguesia. A antiga aliança entre esta e a nobreza é quebrada inicialmente na Inglaterra (1640-1688) e posteriormente, com maior vigor, na França (1789). Os valores cristãos passaram a ser duramente combatidos com base nos ideais iluministas, que pregavam o uso da razão e dos conhecimentos científicos. Este contexto histórico propiciará o surgimento de uma nova escola literária, o Arcadismo.

Em primeiro lugar, é preciso destacar que o Arcadismo como “estilo de época” surgiu como contraponto ao Barroco. Obviamente, os árcades buscaram distanciar-se da estética barroca. Um primeiro ponto por eles criticado foi o exagero do Barroco. A ele contrapuseram uma simplicidade na forma. Nos poemas barrocos o exagero está sempre presente como no uso de vocabulário rebuscado e trabalhado ao extremo, uso de figuras de linguagem (principalmente a antítese, o paradoxo e a gradação). Por exemplo:

“Anjo no nome, Angélica na cara,
Isso é ser flor, e Anjo juntamente,
Ser Angélica flor, e anjo florente,
Em quem, se não em vós se uniformara?”
(Gregório de Matos)

Nesse trecho citado acima há aspecto cultista (jogo de palavras) entre “Angélica” e “anjo” e entre “flor” e “florente”. A estética neoclássica procurou a leveza e a clareza de idéias, a linguagem direta e clara em contraposição aos hipérbatos e paradoxos barrocos.

O Barroco se caracterizou também por uma falta de unidade, certa confusão entre as mentes da época. O Arcadismo se diferenciou por mostrar um ideal em comum. O desprezo pela vida urbana e o gosto pela paisagem campestre – sintetizados pela expressão latina fugere urbem (fuga da cidade) – são exemplos de ideais compartilhados pelos árcades. Os versos a seguir, escritos por Claudio Manuel da Costa no século XVIII, ressaltam a violência da cidade, em oposição à paz do campo:

Quem deixa o trato pastoril amado
Pela ingrata, civil correspondência
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro a paz não tem provado

O Arcadismo ou Neoclassicismo busca imitar o Classicismo. Exemplo disso é Basílio da Gama, que teve influências do classicista Luís de Camões. Em seu livro Uraguai, o episódio da morte de Lindóia lembra o episódio da morte de Inês de Castro em Os Lusíadas.

“Inda conserva o pálido semblante
Um não sei quê de magoado e triste,
Que os corações mais duros enternece.
Tanto era bela no seu rosto a morte!”

Se os árcades vêem na imitação aos clássicos renascentistas o critério para a formação de bons poetas, o Barroco preza a restauração da fé religiosa medieval. No trecho a seguir, o Padre Antonio Vieira procura persuadir seus ouvintes a não se envolverem com as idéias da reforma religiosa protestante.

“A uns mártires penduravam pelos cabelos, ou por um pé, ou por ambos, ou pelos dedos, polegares e assim no ar, despidos, batiam e martelavam com tal força e continuação, os cruéis e robustos algozes, que ao principio açoitavam os corpos, depois desfiavam as mesmas chagas, ou uma só chaga até que não tinha já que açoitar nem ferir. A outros estirados e desconjuntados no ecúleo, ou estendidos na catasta aravam ou cardavam os membros com pentes e garfos de ferro, a que propriamente chamavam escorpiões, ou metidos debaixo de grandes pedras de moinho, lhes espremiam como em lagar o sangue, e lhes moíam e imprensavam os ossos, até ficarem uma pasta confusa, sem figura, nem semelhança do que dantes eram. A outros cobriam todos de pez, resina e enxofre, e ateando-lhes o fogo, os faziam arder em pé como tochas ou luminárias, nas festas dos ídolos, esforçando-os para este suplicio como lhes dar a beber chumbo derretido.”

O fragmento supracitado é marcado também pelas influências da Contra-Reforma e, portanto, pelo esforço de contenção do protestantismo. A essa fé cristã contrapunham os árcades o uso da razão. Sendo o arcadismo uma expressão artística da burguesia, certos ideais políticos e ideológicos dessa classe – formulados pelo Iluminismo – foram veiculados pelos poetas árcades. Idéias de liberdade, justiça e igualdade social estão presentes em alguns textos da época. Como nestes versos de Tomaz Antônio Gonzaga:

O ser herói, Marília, não consiste
Em queimar os impérios: move a guerra,
Espalha o sangue humano,
E despovoa a terra
Também o mau tirano.
Consiste o ser herói em viver justo:
E tanto pode ser herói o pobre,
Como o maior augusto.

Quanto à forma, Arcadismo e Barroco divergem radicalmente. Como foi dito anteriormente, os árcades utilizam um vocabulário simples e cultivam um gosto pela ordem direta. Além disso, seus poemas são marcados pela quase total ausência de figuras de linguagem. O seguinte poema, de Claudio Manuel da Costa, é um exemplo dessa postura:

LXII

Torno a ver-vos, ó montes; o destino
Aqui me torna a pôr nestes oiteiros;
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
Pelo traje da Corte rico, e fino.

Aqui estou entre Almendro, entre Corino,
Os meus fiéis, meus doces companheiros,
Vendo correr os míseros vaqueiros
Atrás de seu cansado desatino.

Se o bem desta choupana pode tanto,
Que chega a ter mais preço, e mais valia,
Que da cidade o lisonjeiro encanto;

Aqui descanse a louca fantasia;
E o que té agora se tornava em pranto,
Se converta em afetos de alegria.

Por outro lado, o Barroco revela a utilização de um vocabulário culto, o gosto pela linguagem figurada, pelas inversões e por construções complexas e raras. Um exemplo disso é fornecido pelo seguinte poema de Gregório de Matos:

Buscando a Cristo

A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa cruz sacrossanta descobertos,
Que para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.

A vós, divinos olhos, eclipsados
De tanto sangue e lagrimas abertos,
Pois para perdoar-me, estais despertos,
E, por não condenar-me, estais fechados.

A vós pregados pés, por não deixar-me,
A vós, sangue vertido, para ungir-me,
A vós, cabeça baixa, pra chamar-me.

A vós, lado patente, quero unir-me
A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
Para ficar unido, atado e firme.

O poema citado também permite outros apontamentos sobre o Barroco. Desta vez não quanto à forma, mas sim ao conteúdo. O eu-lírico preocupa-se com a salvação de sua alma, ao mesmo tempo em que demonstra ter consciência de sua vida de pecados. Neste sentido, há uma dualidade. Este mesmo caráter dual também aparece num outro fragmento de Gregório de Matos:

“Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.”

Como se viu, a arte de um modo geral – e, dentro desta, a literatura–, respondeu às diversas demandas históricas que motivaram sua criação. Em diferentes conjunturas da história humana, o homem representou a realidade de maneiras distintas, com objetivos igualmente diversos. Os diferentes quadros econômicos, sociais e políticos forneceram os subsídios para a constituição de mentalidades distintas, que por sua vez presidiram as formas pelas quais o homem apreendia a realidade e construía sua representação. Assim, a períodos de intenso fervor religioso seguiram-se fases de crença na capacidade humana para a resolução dos problemas impostos pela vida em sociedade; a fases de otimismo com relação à vida em sociedade seguiram-se momentos de desgosto em relação ao próprio homem. Espera-se, com esta breve exposição acerca das escolas literárias do Barroco e do Arcadismo, ter demonstrado essas vicissitudes da existência humana e de sua vida social, e a maneira pela qual imprimiram sua marca à produção artística.


sábado, 3 de setembro de 2011

Nacionalismo e a Literatura Brasileira

O objetivo do presente texto é discorrer sobre o tema do nacionalismo e suas relações com a literatura brasileira. A discussão girará em torno de dois aspectos importantes dentro do tema: a construção necessária do imaginário nacional e a crítica a esse nacionalismo.

A história do Romantismo no Brasil confunde-se com a própria história política brasileira do início do século XIX. Fatos como a invasão de Portugal por Napoleão e a subseqüente transferência da Coroa Portuguesa para o Brasil, ambos ocorridos em 1808, afetam profundamente a vida brasileira e contribuem para o processo de independência política nacional. A Independência, ocorrida em 1822, desperta a consciência de intelectuais nacionais para a necessidade de se criar um imaginário nacional com suas próprias raízes históricas. O Romantismo, antes mesmo de ser uma reação à tradição clássica, assume um importante papel no sentido de ser anticolonialista e antilusitano. Quanto a isso há um especial interesse, uma vez que a rejeição à Europa e aos seus códigos culturais dará o tom às criações artísticas dos românticos. O enaltecimento da figura do índio insere-se nesse movimento. Portanto, um traço essencial do Romantismo é o nacionalismo. Este se revela um norte ao movimento, abrindo um leque a ser explorado. Além do indianismo, tem-se também o regionalismo, a pesquisa histórica e as críticas nacionais, todos sendo aspectos ligados intimamente à constituição de uma identidade verdadeiramente brasileira.

Para a construção do imaginário nacional revelou-se de suma importância o apelo aos aspectos naturais do território, responsáveis em grande medida – aos olhos desses primeiros nacionalistas – pela formação de uma sociedade pacífica, democrática étnica e religiosamente, cuja existência seria marcada pela abastança e paz social. Referindo-se a esse nacionalismo “primitivo”, Antonio Candido nos diz:

(...) correspondia em primeiro lugar a um orgulho patriótico de fundo militarista, nutrido de expulsão dos franceses, guerra holandesa e sobretudo do Paraguai. Em segundo lugar vinha a extraordinária grandeza do país, com o território imenso, o maior rio do mundo, as paisagens mais belas, a amenidade do clima. No Brasil não havia frios nem calores demasiados, a terra era invariavelmente fértil, oferecendo um campo fácil e amigo ao homem, generoso e trabalhador. Finalmente, não havia aqui preconceitos de raça nem religião, todos viviam em fraternidade, sem lutas nem violências, e ninguém conhecia a fome, pois só quem não quisesse trabalhar passaria necessidade. (CANDIDO, 1995, p.13)

O papel desempenhado pela literatura não deve, em hipótese alguma, ser diminuído numa análise sobre a formação de um imaginário nacional entre os brasileiros e a posterior crítica a esse nacionalismo. Antonio Candido define o Romantismo como um “nacionalismo literário”. Os hinos laudatórios oitocentistas, como o próprio Hino Nacional, são representativos desse “amor febril” pelo Brasil. A literatura desse período, como demonstra Candido, inseria-se num contexto mais amplo de quebra dos laços que ligavam os brasileiros à Metrópole. Diz o autor:

O Romantismo no Brasil foi episódio do grande processo de tomada de consciência nacional, constituindo um aspecto do movimento de independência. Afirmar a autonomia no setor literário significava cortar mais um liame com a mãe Pátria. Para isto foi necessário uma elaboração que se veio realizando desde o período joanino, e apenas terminou no início do Segundo Reinado, graças em grande parte ao Romantismo que, importando em ruptura com o passado, chegou num momento em que era bem-vindo tudo que fosse mudança. O Classicismo terminou por ser assimilado à Colônia, o Romantismo à Independência – embora um continuasse a seu modo o mesmo movimento, iniciado pelo outro, de realização da vida intelectual e artística nesta parte da América, continuando o processo de incorporação à civilização do Ocidente. (CANDIDO, 1995, p.10)

Aspirando a uma construção sólida da identidade nacional, que filiasse o Brasil a um passado independente da intervenção européia, havia a necessidade de personagens que reunissem em si os aspectos definidores da “brasilidade”. O índio atende a esse pré-requisito básico. Vê-se em Gonçalves Dias o maior representante da corrente dita “indianista”. Por meio de suas poesias, este escritor enalteceu tanto a figura do indígena como a natureza do Brasil – “I-Juca Pirama” e “Canção do Exílio” representam, respectivamente, estes dois aspectos –, construindo um verdadeiro projeto de identidade nacional.

Se por um lado tem-se esse comprometimento com a construção de um espaço nacional, de culto à glória da Nação, por outro deve-se destacar a atuação de indivíduos cujos esforços foram no sentido de negar os pressupostos erigidos pelos nacionalistas e demonstrar a falácia de suas idéias. Um dos pontos criticados diz respeito ao próprio esforço de fuga aos padrões europeus, do qual o enaltecimento da figura do índio faz parte. Há autores que criticam o nacionalismo tanto do ponto de vista de seus aspectos formais quanto do ângulo de sua visão conservadora, baseada em costumes europeus. A esse respeito Sandra Jatahy Pasavento diz:

[...] Embora o romantismo se volte para o específico e o singular, que dariam o tom original brasileiro no contexto da civilização ocidental, seu padrão de referência ainda é a Europa. Na falta de um passado clássico ou de uma Idade Média, José de Alencar vai idealizar o substrato nativo, nas trilhas do indianismo romântico que permite criar o “mito das origens” para o Brasil [...] A positividade das virtudes do índio era afirmada como compensação simbólica diante da carência das tradições históricas que a Europa esbanjava. Romantizado o contato com o homem branco [...] O resultado é uma recriação imaginária distante das condições concretas da existência, mas que não invalida a sua força de representação. A leitura do real feita pelo texto literário era dotada de uma alta carga de positividade para a elite branca escravista e se apresentava como plausível e conveniente [...] Por outro lado, a menção a uma América como pano de fundo para performance brasileira, encontrada na prosa e poesia romântica, não constitui um horizonte para a construção da identidade nacional.(PASAVENTO, 1998, p.25)

Leyla Perrone remete a outro motivo pelo qual haveria tamanha necessidade em constituir nossa imagem diante do Outro, mencionando o fato de sermos um “lugar desprovido do passado do Outro e destituído do seu próprio passado”. Perrone destaca a importância da literatura como agente efetivo na constituição da consciência nacional, no Brasil e nas outras nações latino-americanas. Observa a autora:

[que] “Numerosos estudos sobre o nacionalismo demonstraram que a nação é um conjunto de imagens, e que ela se constitui graças a metáforas. Algumas metáforas utilizadas nos discursos identitários da America Latina nos permitem captar as dificuldades da constituição de sua auto-imagem e verificar que essa imagem depende sempre do outro europeu, quer seja para imitá-lo, quer para rejeitá-lo.” (MOISES, 2007, p.33)

Percebe-se que as metáforas criadas são demasiadamente autodepreciativas, ou, pelo menos, conflituosas. Exibem claramente um sentimento de inferioridade em relação à Europa. A questão de americanismo aparece em vários autores latino-americanos, inclusive em Sérgio Buarque de Holanda:

“Trazendo de países distantes nossas formas de convívio, nossas instituições, nossas idéias, e timbrando em manter tudo isso em ambiente muitas vezes desfavorável e hostil, somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra”. (HOLANDA, 1981, p.3)

À consolidação da independência política do Brasil ou, em outras palavras, ao advento do Estado nacional entre nós teve de corresponder, no plano do imaginário, a formação de uma identidade propriamente brasileira. A partir de então, um novo Estado deveria construir a figura de seu próprio povo, traçar uma história para o mesmo e dar-lhe símbolos nacionais aos quais cultuar. Tal processo de formação da identidade brasileira – baseado no enaltecimento dos povos primitivos e das características naturais do território –, e que veio a culminar no surgimento do nacionalismo serviu-se em grande medida da literatura como veículo para suas idéias. Poesias, romances e hinos cantaram as belezas naturais do país cujo povo – refletindo a grandeza territorial, a riqueza da fauna e da flora e a abundância de outros recursos naturais – organizou-se numa sociedade pacífica e próspera. Séculos de uma história marcada indelevelmente pela violência e pelo derramamento de sangue foram esquecidos em nome de uma idealização do passado que visava à formação de uma identidade útil ao presente, demandada por elites dominantes e construída por intelectuais e artistas comprometidos com a causa. Em sentido oposto, a crítica a esse movimento de construção da “brasilidade” é profundamente frutífera, ao demonstrar o caráter ideológico dos discursos por ele engendrados e os pressupostos sobre os quais foram construídos, ampliando a percepção das bases políticas, econômicas e sociais sobre as quais foi erguido nosso próprio país.


domingo, 7 de agosto de 2011

Os anos passam?

Frágeis. Somos vulneráveis. Na infância todo ser humano é assim: inocente, frágil, vulnerável... Eles crescem e... De onde vem a coragem? Essa é uma pergunta sem resposta, a resoluta dúvida que somente no infortúnio, na morte mesmo, encoraja! E em sua derrota anima a alma a ser forte.

Faz-se a vontade do tempo, talvez? Neste momento o ser humano está num confinamento contra si mesmo. Como a água do mar que bate no abismo tentando correr livre, mas é incapaz de ser...

Quem no sentimento espera assim age. Conformidade. O pássaro, que ao cantar se engrandece, e torna forte o corpo aprumado. Embora cativo, seu poderoso canto diz: o pensamento é humilde; o ser humano devia ser mais humilde. Por que ele não percebe o quão puro é o regozijo? Ele é incapaz de realmente ser HUMANO do latim humanus que quer dizer – além de "do homem ou a ele relativo" – BONDOSO. Isto é mortalidade, isto é eternidade.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Mulheres sangram

Hoje comecei a ler um livro que conta história de várias mulheres. De repente, pensei em mim! Mulher! Mulher! Às vezes eu me sinto menina, mas meninas são mulheres! Por que as mulheres são frágeis? sensíveis? Será que sou assim? Na verdade, acho que não! Conheço mulheres de vários tipos... mulheres são Mulheres!

Mulheres sangram. De tão recortadas, há dobras e rasgos:
o fio mais espesso se esvai pelo túnel da história,
pelo susto da primeira fêmea raptada.
Pelo rapto: corpo convertido em pedaços. Universo encerrado
num plano de riscos com régua e esquadro.

Mulheres sangram. Pelo medo subterrâneo e ancestral.
Que mela as pernas de vermelho escuro, da morte
que fermenta em cada: clitóris decepado, lençol exposto
das primeiras núpcias, castigo de escrava: surra e sêmen,
mágoa de ser vista como o outro de um modelo arbitrário.

Sim, as mulheres choram e sangram.
Queimam sutiãs entre um silêncio e outro.
Fogem de prospectores e vigias.
Ou se entregam a isto: ser fetiche.
Sem saber o que menos machuca.

Sangram. E as maçãs, afogueadas. De bruxas (entre chamas), adúlteras (debaixo de pedras), virgens (para compra, venda e estupro), esposas (ainda são úteis). E outras, (plastificadas) em anúncio de xampu.
Algumas enlouqueceram: puseram na boca palavras sujas
e deixaram crescer os pêlos para mostrar de quem era o poder.

Choram. E é esse o seu poder, mulheres loucas.
Universo que irrompe, explode em estrelas do escuro mais fundo,
e se expande. Desaba do Céu e afunda na rota do sêmen,
mas levanta. Recebe no corpo a morte e a vida do Outro.
(Na vertigem, sangramos).*

Esse poema mexeu muito comigo. Ele é muito forte, chega a ser agressivo! Mas ele também demostra o quão forte são as mulheres. Recebe no corpo a morte e a vida do Outro. Acho que não tenho muito a dizer. Deixarei a tarefa de reflexão para cada um que ler esse post. Acho que estou sangrando por dentro (às vezes as sensações são tão fortes que reviram nossos sentimentos...)

*poema de Maiara Gouveia

Noite

A sapatilha marrom de fitas
envolvendo a meia azul turqueza
a calça colorida em listras
a camisola estampada
o cabelo úmido
solto e
livre
cobrindo a nuca
nua
em pela

Um corpo quente
que apesar das cores
exala tristeza
insegurança
ameça ao mundo
feito fita presa na janela
que quer voar
mas não está solta para seguir o vento
que arrasta-a

Amor
Mais um corpo que pede à noite
Amor.
Somente ele tem as cores para
vestir a sua alma

terça-feira, 5 de julho de 2011

Estamos aqui?

Aqui, não quero me fazer hipócrita.
Quero expor minhas fraquezas, mostrar minhas impotências, escancarar minha realidade e desvendar cada pedacinho mínimo que me recaem às mãos. Quero que cada um deles desfaça-se de minha carne; a fim de me procurar, procurar a mim mesma, ao que realmente sou e posso ser.
E é assim que lhes digo que quando chega à noite, os membros chegam, recolhem-se à sala, impõem para que os membros menores fiquem ali, para supostamente ficarem juntos. União forçada desde o início dessa instituição, mas aqui estamos, aqui permanecemos; Hipocritamente, com letra maiúscula.
Ali estão eles, sentados quietos e calados, reclusos aos seus lugares individuais com suas necessidades básicas de sobrevivência, postos a dormir, postos a comer, postos ao não, postos a se calarem.
Sentam-se na mesma mesa, viram a tela alienadora de correntes e porções que injetam na veia, corre à cabeça, pulsa no pulso do corpo e os cala, cada vez mais por vontade própria.
Não vêem a paisagem de uma cidade inteira posta a sua frente com lusinhas pequenas, tão majestosas, tão grandiosas, com tal complexidade; que poderia unir-lhes num pensamento comum englobando todos aqueles que estão sentados um a frente do outro, poderiam fazem por borbulhar a imaginação e encher de luz os olhos, corpo e caminhada.
Mas não, não vêem, não olham, não pensam, e sim, se fixam a sonhar com um lugar distante que é mostrado na encenação bastarda da tele impregnante, réplica da arrogância e bestialidade do ser humano. Esta, a única que eles amam tomar bons goles todos os dias, em todas as ações.
Cada um naquele exato momento, a cada segundo batido no tempo fazem ser um nada no vazio. Sem união, sem paixão, pensamentos reclusos e longínquos de cada Vida entregue aqueles corpos. Corpos que se fazem de mortos. Bebem de copo ardo para ficarem bêbados de alienação, tontos de realidade, felizes em um mundo que não existe. Sabem do que há ao redor dos olhos e do tato falso, mas amam a morbidez de poderem morrer sendo mais um número no Índice Populacional Mundial.
Seres Humanos de todas as partes, se tornem humanos, façam-se melhores, neguem a arrogância. Tentem mudar cada canto, mínimo e profundamente mundano, por isso é possível. Gastem, usem, raspem, machuquem, abusem, e se lambuzem de amor pela Vida que a possuem, de Amor pelo mundo, de Amor por algo realmente melhor.

domingo, 29 de maio de 2011

Viver livremente nós mesmos

Sobre o que a Tha falou e eu andei querendo falar mais...
Cada tempo é um tempo... Sabe, eu penso muito nisso. Hoje, eu tenho tempo livre no final do dia, na sexta, no final de semana por conta da minha idade que me dá menos obrigações, pode ser... Com tempo podemos fechar os olhos e não pensar em nada ou podemos abrir os olhos e observar cada canto que queremos com a atenção devida.
Alguns dizem que só podemos pensar quando temos tempo. Bem, eu não concordo totalmente com isso, quando o cotidiano nos domina o mais natural é nos anestesiarmos e levarmos a vida sem pensar nas ações, seguindo as ações, ações que são as nossas "obrigações", "deveres", os tais "papeis sociais"; porém devemos nos fazer ter tempo, nos fazermos pensar em tomarmos os nossos desejos como causa maior, pois eles são a nossa real verdade, eles nos fazem sermos nós mesmos - digo: faça seu tempo, a real liberdade é que se mantém dentro de correntes, essa quando queremos, ninguém nos tira.
A tal falta de tempo muitas vezes acaba por nos empurrar  à uma medida na qual paramos de ver poesia, de sorrir, de chorar. Paramos de observar a rua, de ouvir música, de ver os filmes que gostamos, de sair para os lugares que nos cativam etc, tudo porque a rotina nos engole, nosso corpo é ocupado por um todo e o tempo livre é o que usamos para dormir. Assim, o tempo de nossas vidas vai passando e muitos quando chegam lá na frente aí que conseguem o tal tempo para olhar pra trás e vêem que muito do que fizeram não foi por vontade, desejo, sonho, foi por sobrevivência talvez.
Algo, muito normal e triste que está acontecendo nessa sociedade, o capitalismo é o sistema que participamos sem nunca terem perguntado se queremos participar, e ele é o rei que não percebe que dinheiro por dinheiro, riqueza por riqueza no final não leva a nada, é fútil e vazio. Mas junto com essa riqueza foram gastas muitas vidas, a humanidade vai correndo sem achar sua felicidade...
Quantas pessoas desejaram tocar música em vez de ter que ficar num escritório vendo papéis, quantas pessoas não queriam dormir mais, queriam dançar, queriam ler um livro, queriam andar no parque etc, mas não fizeram isso porque precisavam trabalhar, precisavam fazer isso pelo dinheiro que ia dar comida à sua família. Que seja, mas lá no final seria tão mais bela uma vida contada por um recheio bem grande de experiências, de descobertas, histórias rendidas desses desejos realizados.
Ah, eu não sei, acho que essa vida não vale nada se não fizermos os nossos desejos. Como ainda não conseguimos mudar o sistema, essas correntes aí, temos que lutar para permanecer todos os dias o brilho nos olhos, como de uma crianças que descobre e se encanta constantemente, vivendo sob sonhos, procurando poesia, ditando o que nos faz feliz, correndo atrás do que deu vontade de fazer; se perdermos isso, morremos em vida. Tem que haver cuidado para a anestesia não pegar!
Não que sejamos ainda mais individualistas por estarmos em um mundo com sentido só para nós mesmos, não é isso que quero falar. Mas jamais, deixarmos de Viver por algo que não vai nos acrescentar em nada. Precisamos fazer o sentido de nossa vida, carregando liberdade dentro de nós para que essa seja muito boa, para nós e para a humanidade.
Essa música fala bastante...

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Sexta

Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.
(Drummond)

Se tem uma coisa que agora não faz mais diferença são as sextas-feiras! Amanhã é sexta-feira! Ah, em toda minha vida escolar, sempre que chegava sexta eu pulava de alegria. Era chegar em casa e eu só voltaria a mexer na mochila no domingo a noite, ou melhor, na segunda pela manhã.rs! Eu assistia filmes, lia algo que estava super empolgada em ler, ai ao cinema com os amigos, passeava na praia e curtia as melhores sensações do mundo, nos finais de semana eu fazia as coisas por prazer, não por obrigação. Ultimamente parece que a semana vai de segunda a segunda. Quantas lições, quantos artigos, quantos exercícios de Latim (Oh my god!), quantos textos pra ler e fichar! A sorte é que mesmo tendo acabado com a minha “pobre” vida social, eu estudo aquilo que gosto. É claro que eu não fico super feliz em passar finais de semana inteiros lendo, mas acabei descobrindo que Letras é o meu lugar. Às vezes penso em deixar a mochila um pouco longe de mim, sabe? Mas sinto algo estranho, e sei que se eu não fizer o que – pelo menos hoje – são minhas obrigações, posso me dar mal, parece até que me falta o ar. Lembrei-me de uma frase da Adélia Prado que faz todo sentido com o que estou sentindo agora, ela dizia: "me lembrando de quando tinha dezessete anos e amanhecia comendo o mundo, tão feliz que acendia lâmpada com os olhos". Talvez eu quisesse voltar aos dezessete, mas só por alguns instantes...

quinta-feira, 5 de maio de 2011

No more tears

Quantas vezes me fechei para chorar
na casa de banho da casa de minha avó
lavava os olhos com shampoo
e chorava
chorava por causa do shampoo
depois acabaram os shampoos
que faziam arder os olhos
no more tears disse Johnson & Johnson
as mães são filhas das filhas
e as filhas são mães das mães
uma mãe lava a cabeça da outra
e todas têm cabelos de crianças loiras
para chorar não podemos usar mais shampoo
e eu gostava de chorar a fio
e chorava
sem um desgosto sem uma dor sem um lenço
sem uma lágrima
fechada à chave na casa de banho
da casa da minha avó
onde além de mim só estava eu
também me fechava no guarda-vestidos
mas um guarda-vestidos não se pode fechar por dentro
nunca ninguém viu um vestido a chorar.

Bem, esse é um poema de uma poetisa portuguesa que gosto muito, Adília Lopes. No semestre passado estudei um pouco sobre ela e fiquei fascinada por suas poesias. Desde então, sempre que posso... Leio seus poemas. Mas ontem aconteceu algo inusitado. Eu estava mais sentimental do que o normal - e olha que eu já sou BEM sentimental -, chorei bastante! Mas chorei de alegria. Cada vez mais descubro o quão importante que são as pessoas que vivem ao meu lado, as pessoas que estão prontas para me auxiliar, pra dizer que me amam, sempre!
Acabo de receber uma mensagem da Júlia! Acho que temos algo muito maior que nos une, do que o laço familiar. Foi como uma tranmissão de pensamento, estava mesmo pensando nela. Ela diz: "Bom dia Tha" Ah, não me fala isso! Também chorei (...)". Mas depois ela diz: "grite, ria..." Então, concluo que antes podia chorar por causa do shampoo... A Johnson & Johnson chegou e agora não há motivos pra lágrimas, não é? Mesmo assim, o poema diz sem um desgosto sem uma dor sem um lenço continuamos chorando! Afinal, acho que chorar faz bem. Dizem que lava a alma! E mais do que isso, nos faz pensar mais nas pessoas que amamos e que não temos oportunidade de demosntrar sempre. Para terminar com versos bonitos, eu digo gritando como a Júlia sugere: EU TE AMO E PRA SEMPRE VOU TE AMAR!

Dos loucos, só mais um, não?

Hoje é uma quarta-feira, esse dia é muito chato pois temos como falamos "plano TIM. Plano infinity e ainda ganhamos bônus de química" (são quatro aulas e na última veio essa associação de coisas na minha cabeça e uma brincadeira, mas até que faz algum sentido) Então, para ninguém esquecer!
A química e tudo pode traduzir um pouco de vida e ser poética do mesmo modo... A mistura de bicarbonato de sódio, detergente e vinagre, tudo com o corante AZUL e AMARELO resultam em uma espuma VERDE... (estava escrito na minha mão isso... hahaha) Uma espuma que transborda e escorre pelo vidro e então a reação acaba.
A bandeira dessa patria que dizem que é "nossa", a mistura das suas cores de dentro formam a de fora, que é a maior parte.
Bem, um dia quem sabe, quando todos esses limites impostos à nós, quando essas pátrias não suportarem mais seus superegos, sustentados pelos humanos, aí então isso tudo vai sobrecarregar e transbordar.
Então quem sabe só assim vai acabar tudo isso e começamos do zero, construíndo as coisas sem hierarquias e realmente usando as coisas com equilíbrio entre a razão e o sentimento... É isso, as aulas hoje, de química e as nossas revoltas em história se juntaram...
Sei lá se alguém me entende... Dos loucos, só mais um, não?

domingo, 1 de maio de 2011

Só uma coisa cambaleando na cabeça...

Um casal antigo uma vez me contou que quando namoravam na frente do casa dela, o pai uma certa hora da noite piscava a luz da varanda e então, ela tinha de entrar. Pois bem, eu hoje vim aqui, como todos os sábados; no cume, no no alto, no pico, no topo da cidade, em uma vista de 180° e acabei por reparar que as luzes da cidade piscam várias vezes por toda ela e o céu está mais ilumonado pela lua, dizem que "essa lua é para os namorados".
Oh, uma acaba de piscar! Um casal então a pouco vai se desgrudar, mas ao menos ficaram juntos até o portão. E se não tivessem essa luz?

Obs: só uma metáfora de crítica sobre uma sociedade que cria instituições que acaba por impor limites, regras, ordens e barram histórias, sonhos, desejos e amores tb...

segunda-feira, 28 de março de 2011

Despido de ti

Chua, chua, chua. Não! Chuaaaaaaaa....
Isso! Leia como um único movimento!
Aí você dá um passo, estende a mão e roda aquele lugar por onde deixa cair à água do chuveiro.
Nesse instante, você dá mais um passo e se entrega nu dos pés a cabeça a aquele cobertor quente, feito por retalhos de gotas que descem a sua pele e envolve teu corpo como se de ali em diante fosse tudo o que a tua alma e corpo estivessem pedindo para serem complementadas.
Nisso, fecha-te os olhos com força, como se por aquelas gotas fosse descer a tristeza do dia, descer a decepção da vida, descer as máscaras, descer a raiva, descer teu descaso, descer a sujeira e a poeira do andar incrustado no couro, descer, descer, descer e vai embora; pelo ralo.
É nesse cubo de espaço em que só sobramos nós mesmos. Despidos, abertos, sentindo-nos respirar, pensar, sonhar, gritar, chorar, ouvir o pulsar do coração e o movimento das ideias.
Então, minhas mãos desceram pelo corpo e conheceram o meu umbigo. É daí que a ideia provida pelo tempo concedido a mim, surgiu.
Vim do outro, dos outros e cortaram o que era um, para ser dois, eis que surgiu o meu eu, meu ego, meu auto, meu mono, minha vida, minha existentia.
E o que é existir? Para que existir?
Não digo isso para rever o assunto, para reforçar o clichê, mas porque como Picasso disse “quando encontrava algo para expressar, eu o fazia sem pensar no passado ou no futuro”.
Acho que é isso... Nós vivemos para esse universo conhecido, nascemos e agora vivemos, e o mais misterioso e fascinante nisso tudo é... Chamamos de vida! Que palavra curta e intensa.
Mas não é por ser a minha vida, mas o que dela faço por outras pessoas, os outros eus, os outros egos, as outras existentias.
É incrível pensar no outro ser e em como ele pode Ser, em como ele vive, pensa e sente.
          Se você aí, desse lado que está me lendo, está me entendendo é porque temos algo em comum; todos temos. Mas não digamos que somos iguais, pois nossas diferenças são como a cereja na ponta da existência.
Agora, é estranho pensar em como cada pessoa ou coisa qualquer que passa ao nosso redor, nós podemos aprender algo com o mesmo.
Mas aí você acorda e não olha e admira o Sol e o Céu, anda e não vê a terra na poeira, no contato da superfície dos sapatos com os pés, passa de cabeça erguida e não conversa com o mendigo, com o vendedor de brincos, com o moço jovem que estava na loja ou não conversa como pessoa com o seu professor, com o seu chefe, com o empregado, com o frentista que abasteceu o seu carro, com o seu filho, com seus pais. Do mais longe ao mais próximo, elas não estão precisamente longe do passo de cada dia, longe de tal cotidiano.
Bem, até podem estar. Porque não? Porque não ter algumas criatura inventadas e idealizadas que só existem dentro de nossas cabeças? Se elas levam algo que acrescenta em nosso eu, é válido. Mas não esqueça jamais: hão de existir muitos na aparência mais singela, real e próxima de ti.
Tiremos as máscaras que encenam papéis sociais e vejamos pessoas, conversemos com elas; para nos tornarmos mais humanos, ali há estórias, bons conselhos, uma visão de mundo, um ângulo oposto, algo em comum e algo de diferente, esse é o mistério de ser.
E sobre ser... Ah, somos todos filhos, pelo fato de sermos crianças que tão pouco compreendem a bela teoria e ficam cambaleando entre a vida, entre os acertos e os erros.
Isso! Uma Vida.
Eternas crianças... Em busca do crescimento. Crescimento do que?
Não sei. Hum... Procuremos o nosso.
Olhe ali! Olhe do lado! Olhe do outro lado!
Agora para dentro!
Esse é você! Senhor humano!
O que tu és? Não sabes?
Então de um passo... E chuaaaaaaa! Abaixe a cabeça na água do barulho e se entregue despido de ti.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Sou apaixonada!

Aeeee! Aniversário de São Paulo!
Bem, a pouco tempo e eu diria que “não tenho orgulho de São Pulo” (revidando ao que ouvi uma vez sendo pronunciado por uma “possível cidadã paulistana” que passou em um desses comerciais da prefeitura – “Eu tenho orgulho de São Paulo”) E eu ficava com isso martelando na cabeça... “Eu não tenho orgulho de São Paulo”. Digna de quase me considerar cidadã Itapecericana (Adoraria... Mas não posso) Eu diria a pouco tempo atrás “Eu tenho orgulho de Itapecerica”, já que pensava nas questões de preservação do meio ambiente, qualidade do ar e qualidade de vida... hahahahahaha Mas isso foi a alguns anos atrás... Já que nesses últimos anos, no auge da adolescência, fase de nos transformamos e consolidamos uma personalidade, digo que um dia minha concepção mudou bastante...
Quando um dia pela janela do banco de trás do carro, observava por onde o carro estava passando, até que percebi... Estava no centro de São Paulo! Não era novidade, mas acho que nunca abri meus olhos para o quão poético era aquele lugar!
Desde então, passei a ser admiradora ácida de cada canto dessa metrópole, deixo de lado as questões ambientais, porque é tão mais bonito ver que essa cidade pode mostrar um reflexo do país, no sentido de miscigenação, é lindo poder andar e ver essa mistura nas pessoas, nas construções, na arte, monumentos, centros culturais e por vai... São tantos!
Fora que com um olhar mais poético, em me sinto tão viva, encontrada e identificada por essa cidade! Não só eu, mas por ela ser tão flexível, acho que qualquer um consegue se sentir acolhido aqui... Desculpem-me, talvez esteja sendo romântica demais, mas o romantismo é digno dos apaixonados... E nada como uma volta por essa cidade pra eu dizer que eu sou apaixonada por São Paulo!
Bate lá no fundo do pulsar do coração, como algo se sangue, raízes quem sabe, genética, quando meus olhos se vêm observando as avenidas largas, os prédios altos, as movimentação dos carros com seus faróis, a velocidade do metrô carregando as pessoas exaustas no fim do dia ou no farol que exibe a arte dos saltimbancos que transforma da pobreza a sua arte mais rica, alegre e apaixonante... Cada canto e parte é um charme, o charme da cidade!
Pois sim... “Alguma coisa acontece no meu coração, q
ue só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João, é que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi, da dura poesia concreta de tuas esquinas, da deselegância discreta de duas meninas...” E por aí vai... Parabéns São Paulo!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Como? Como? Mais uma vez?


Preciso colocar algo do meu cotidiano agora, não precisamente meu, mas a ler a notícia no jornal algo me encomodou profundamente. Ainda bem! Pelo menos isso. Pelo menos a minha mísera indgnação.

Simplesmente, como? Como? Como podemos ser seres pensantes, viver no tão grandioso século XXI, fazer tantos discursos de paz e aceitarmos mais uma guerra para dividir nossas diferenças? Me coloco junto desses seres humanos conformados ao ler a tal notícia...

O Sudão está se dividindo, já que por motivo colocam... Norte católico e negro e sul árabe. Diferenças! Diferenças!
A guerra está acontecendo a anos, mataram 2 MILHÕES de pessoas, para AGORA virem fazer uma votação... Votação essa entre ambos os lados, que vai ocorrer essa semana... O complicado é que mais uma questão é envolvida... O Tão Vangloriado Petróleo... O sul que quer a independência levaria também grande parte das reservas petrolíferas do país.
Desculpem-me, mas o ser humano é desumano e irracional. Talvez o mais burro animal.

Mataram milhares de pessoas que tinham sonhos, tinham vida, tinham parentes, tinham alegrias, tinham histórias. Por uma classificação de cor da pele e como se levar a visão de Deus. Mataram, pois somos intolerantes com as diferenças. Mataram, mataram, mataram!
E agora, podem conseguir... Porém a miséria, o rancor, as mágoas, a falta de esperança, tudo vai continuar.

(Folha de São Paulo, capa, 10/01/2010)

Bem, acho que toda e qualquer guerra deveria ser contada como um ERRO do passado, no qual cometemos, porém não mais como solução de problemas. É como dizer que o genocídio nazista foi algo muito ruim, porém se acontecesse de um líder dizer que outra etnia é inferior, poderíamos matá-la.
Sabe, Os fins NÃO justificam os meios. A culpa continua.

E nos nossos jornais ainda estampam os rostos felizes de americanos e sudaneses sorrindo, como se estivessem preocupados com eles. Isso me soa hipócrita e falso, no olhar dos americanos e europeus só se vê petróleo e olhe lá!