terça-feira, 5 de julho de 2011

Estamos aqui?

Aqui, não quero me fazer hipócrita.
Quero expor minhas fraquezas, mostrar minhas impotências, escancarar minha realidade e desvendar cada pedacinho mínimo que me recaem às mãos. Quero que cada um deles desfaça-se de minha carne; a fim de me procurar, procurar a mim mesma, ao que realmente sou e posso ser.
E é assim que lhes digo que quando chega à noite, os membros chegam, recolhem-se à sala, impõem para que os membros menores fiquem ali, para supostamente ficarem juntos. União forçada desde o início dessa instituição, mas aqui estamos, aqui permanecemos; Hipocritamente, com letra maiúscula.
Ali estão eles, sentados quietos e calados, reclusos aos seus lugares individuais com suas necessidades básicas de sobrevivência, postos a dormir, postos a comer, postos ao não, postos a se calarem.
Sentam-se na mesma mesa, viram a tela alienadora de correntes e porções que injetam na veia, corre à cabeça, pulsa no pulso do corpo e os cala, cada vez mais por vontade própria.
Não vêem a paisagem de uma cidade inteira posta a sua frente com lusinhas pequenas, tão majestosas, tão grandiosas, com tal complexidade; que poderia unir-lhes num pensamento comum englobando todos aqueles que estão sentados um a frente do outro, poderiam fazem por borbulhar a imaginação e encher de luz os olhos, corpo e caminhada.
Mas não, não vêem, não olham, não pensam, e sim, se fixam a sonhar com um lugar distante que é mostrado na encenação bastarda da tele impregnante, réplica da arrogância e bestialidade do ser humano. Esta, a única que eles amam tomar bons goles todos os dias, em todas as ações.
Cada um naquele exato momento, a cada segundo batido no tempo fazem ser um nada no vazio. Sem união, sem paixão, pensamentos reclusos e longínquos de cada Vida entregue aqueles corpos. Corpos que se fazem de mortos. Bebem de copo ardo para ficarem bêbados de alienação, tontos de realidade, felizes em um mundo que não existe. Sabem do que há ao redor dos olhos e do tato falso, mas amam a morbidez de poderem morrer sendo mais um número no Índice Populacional Mundial.
Seres Humanos de todas as partes, se tornem humanos, façam-se melhores, neguem a arrogância. Tentem mudar cada canto, mínimo e profundamente mundano, por isso é possível. Gastem, usem, raspem, machuquem, abusem, e se lambuzem de amor pela Vida que a possuem, de Amor pelo mundo, de Amor por algo realmente melhor.

Um comentário:

  1. Me fez lembrar do "Conto da Ilha Desconhecida"
    é preciso sair de si para saber quem és, não se pode conhecer a ilha sem sair da ilha...

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