quarta-feira, 27 de julho de 2011

Mulheres sangram

Hoje comecei a ler um livro que conta história de várias mulheres. De repente, pensei em mim! Mulher! Mulher! Às vezes eu me sinto menina, mas meninas são mulheres! Por que as mulheres são frágeis? sensíveis? Será que sou assim? Na verdade, acho que não! Conheço mulheres de vários tipos... mulheres são Mulheres!

Mulheres sangram. De tão recortadas, há dobras e rasgos:
o fio mais espesso se esvai pelo túnel da história,
pelo susto da primeira fêmea raptada.
Pelo rapto: corpo convertido em pedaços. Universo encerrado
num plano de riscos com régua e esquadro.

Mulheres sangram. Pelo medo subterrâneo e ancestral.
Que mela as pernas de vermelho escuro, da morte
que fermenta em cada: clitóris decepado, lençol exposto
das primeiras núpcias, castigo de escrava: surra e sêmen,
mágoa de ser vista como o outro de um modelo arbitrário.

Sim, as mulheres choram e sangram.
Queimam sutiãs entre um silêncio e outro.
Fogem de prospectores e vigias.
Ou se entregam a isto: ser fetiche.
Sem saber o que menos machuca.

Sangram. E as maçãs, afogueadas. De bruxas (entre chamas), adúlteras (debaixo de pedras), virgens (para compra, venda e estupro), esposas (ainda são úteis). E outras, (plastificadas) em anúncio de xampu.
Algumas enlouqueceram: puseram na boca palavras sujas
e deixaram crescer os pêlos para mostrar de quem era o poder.

Choram. E é esse o seu poder, mulheres loucas.
Universo que irrompe, explode em estrelas do escuro mais fundo,
e se expande. Desaba do Céu e afunda na rota do sêmen,
mas levanta. Recebe no corpo a morte e a vida do Outro.
(Na vertigem, sangramos).*

Esse poema mexeu muito comigo. Ele é muito forte, chega a ser agressivo! Mas ele também demostra o quão forte são as mulheres. Recebe no corpo a morte e a vida do Outro. Acho que não tenho muito a dizer. Deixarei a tarefa de reflexão para cada um que ler esse post. Acho que estou sangrando por dentro (às vezes as sensações são tão fortes que reviram nossos sentimentos...)

*poema de Maiara Gouveia

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